AGARRAR AS CORES
Vi-o ao longe, braços esticados e mãos inquietas, tentando
agarrar todas as cores à sua volta. Aproximei-me e disse-lhe olá. Deu pela
minha chegada, ficou muito quieto, pousou em mim aqueles olhos grandes e
pretos, de pestanas compridas e enroladas e, da boca de morango fechada,
soltou-se de repente um sorriso grande e desdentado. Esticou-se para a frente e
estendeu-me os braços. Agarrei-o com carinho, acariciei-lhe as costas mornas e derreti quando encostou a cabeça no meu ombro. Dei-lhe um beijo na bochecha quente e
corada, afaguei-lhe os cabelos macios e passeei-o pelo corredor, para que bebesse
com os olhos as cores que tanto queria agarrar. Voltamos ao ponto inicial
passados alguns minutos. Devolvi-o aos braços da avó orgulhosa, plena de colo e
palavras doces. Chama-se António, tem 10 meses – disse, adivinhando-me a
pergunta. Respondi-lhe com as palavras que habitualmente se usa para descrever
um bebé lindo e encantador. Soprei-lhe um beijo e disse-lhe adeus. Voltei aos
meus afazeres, perseguida pelos vestígios da voz da avó, misturados com um deslumbramento que me arrepiava a pele – tem 10 meses e
chama-se David.
E são as crianças que nos dão alento na vida...e cor...muita cor!
ResponderEliminar:)
A inigualável ternura da infância. Tão bom...
EliminarObrigada pela passagem pelo meu lugar.
Um abraço.
Estarás grávida? ....e avid seria um lino nome para um rapaz.
ResponderEliminarNunca pude ter filhos mas se tivesse tido uma das escolhas ia para David!
BShell