POR TUDO, UM TUDO QUASE NADA
Obrigada por me lembrares que a seguir à noite chega sempre
a manhã, cinzenta ou ensolarada, tanto faz, desde que chegue vestida de
recomeço. Obrigada por me lembrares que os livros continuam a existir, mesmo
após a morte de quem os escreve; é infinitamente mais confortável saber que as
palavras permanecem, mesmo que se rasgue o caderno onde foram escritas ou o
vento as arraste para longe do instante em que foram ditas. Obrigada por me
lembrares que as laranjas de verão têm pouco sumo e que de nada serve espremê-las
com força, porque apenas se obtêm minúsculas gotas de um líquido sem sabor.
Obrigada por me lembrares que voar é o maior sonho de todos, mas que pode ser
também a melhor forma de nos perdermos de nós próprios. Obrigada por me
lembrares que depois de cair resta apenas levantar a rir, sacudir devagar
a poeira colada ao corpo e seguir caminho a cantar. Obrigada por me lembrares
que as histórias nem sempre são encantadas, com fadas aladas e bosques
verdejantes. Obrigada por me lembrares que o silêncio pode simultaneamente ser
o nosso melhor amigo ou aquele que nos esquece, mal desaparecemos na esquina. Por tudo, um tudo quase nada, por nada que desejou ser tudo,
mas nunca foi, porque o nada jamais será tudo... obrigada.
obrigada por me lembrares a vida :)
ResponderEliminar(lindo, lindo texto)
absolutamente encantado com o texto. é o tipo de leitura que me agrada.
ResponderEliminargrande abraço ;)
obrigada por lembrares que depois do fim há um começo
ResponderEliminarbeijo