10/07/2012

POR TUDO, UM TUDO QUASE NADA
Obrigada por me lembrares que a seguir à noite chega sempre a manhã, cinzenta ou ensolarada, tanto faz, desde que chegue vestida de recomeço. Obrigada por me lembrares que os livros continuam a existir, mesmo após a morte de quem os escreve; é infinitamente mais confortável saber que as palavras permanecem, mesmo que se rasgue o caderno onde foram escritas ou o vento as arraste para longe do instante em que foram ditas. Obrigada por me lembrares que as laranjas de verão têm pouco sumo e que de nada serve espremê-las com força, porque apenas se obtêm minúsculas gotas de um líquido sem sabor. Obrigada por me lembrares que voar é o maior sonho de todos, mas que pode ser também a melhor forma de nos perdermos de nós próprios. Obrigada por me lembrares que depois de cair resta apenas levantar a rir, sacudir devagar a poeira colada ao corpo e seguir caminho a cantar. Obrigada por me lembrares que as histórias nem sempre são encantadas, com fadas aladas e bosques verdejantes. Obrigada por me lembrares que o silêncio pode simultaneamente ser o nosso melhor amigo ou aquele que nos esquece, mal desaparecemos na esquina. Por tudo, um tudo quase nada, por nada que desejou ser tudo, mas nunca foi, porque o nada jamais será tudo... obrigada.

3 comentários:

  1. obrigada por me lembrares a vida :)
    (lindo, lindo texto)

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  2. absolutamente encantado com o texto. é o tipo de leitura que me agrada.

    grande abraço ;)

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  3. obrigada por lembrares que depois do fim há um começo

    beijo

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