01/02/2013


Resta-me agora
a mesma janela de outrora
que teimo em manter aberta
mesmo nos dias de tempestade
como hoje
em que o vento se agasalha de nevoeiro e
me castiga a cara e as mãos
e todas as partes de mim que não me lembrei de
proteger.
Tem um vidro partido
esta janela
não me recordo da pedra que o feriu
e da mão que a arremessou
mas sei dos estilhaços espetados
no tronco frágil do limoeiro que decidi
ter em casa
e também sei da lua
que por esse vidro quebrado
entra
sem ser chamada
rasgando a noite do meu dia
com a altiva confiança de quem sempre foi esperada
e desejada.