ENCONTRO
Avistaram-se ao longe e aproximaram-se rapidamente, com a pressa da saudade. Ele, caminhando com passos largos e seguros, ligeiramente arrastados. Ela, com passos leves e saltitantes, repletos de energia. Frente a frente, olharam-se longamente e sorriram.
- Finalmente!
- Sim, finalmente... já lá vai tanto tempo!
- Um ano... um longo e interminável ano.
- Estava com saudades tuas...
- Eu também.
- Estás bonito... mas talvez um pouco cansado, não?
- Sim, um pouco... e tu estás linda!
- Obrigada, preparei-me especialmente para este encontro.
Ele sentiu-lhe o perfume de flores e desejou provar o morango que ela trazia nos lábios. Ela sentiu-lhe o perfume de chuva e desejou perder-se no seu cabelo de neve.
- Tenho de ir...
- Não queria que fosses...
- Sabes que tem de ser... estão todos à minha espera, não os posso desiludir.
- Mas eles estão bem, garanto-te.
- Mas estão sós e rapidamente darão por isso. Entre a tua partida e a minha chegada só pode haver este instante, nada mais do que isso.
- Eu sei. Achas que nos poderemos encontrar algumas vezes?
- Acho que sim, gostava muito.
- Quando?
- Não sei, não depende de mim, nem de ti... talvez em abril, numa tarde chuvosa, ou numa noite de orvalho em junho.
- Ou numa manhã fria de maio...
- Sim... seria magnífico.
- Agora tens de ir, não é?
- Sim, tenho mesmo.
Abraçaram-se e, nesse instante, a noite fez-se dia e o dia acordou.
- Este ano também vais encontrar-te com ele?
- Sabes que sim.
- Gostava que fosses só minha...
- Mas sabes que não pode ser assim... tu e eu só existimos porque ele e todos os outros existem... cada um de nós só tem sentido porque é a parte que falta ao outro.
- Eu sei... onde acaba um, começa outro e esse outro, chegada a hora da partida, só vai quando um outro chegar.
- Pois, é assim mesmo.
- Eu sei, é assim mesmo e não se pode mudar.
- Adeus! Gosto muito de ti.
- Também gosto muito de ti, Primavera.
Caitlin Rigby