Preciso urgentemente de encontrar uma lógica para tudo isto. Saber em que sítio os acontecimentos se cruzam e se tocam, para depois os ordenar e com eles construir uma história que faça algum sentido, nem que seja só para mim.
Elvira voltava feliz para casa, depois de uma festa de carnaval. O carro despistou-se na auto-estrada... continua à procura do caminho de volta, deitada numa cama de hospital.
Alberto e Luísa ansiavam por uma noite de calor. No tão esperado momento do encontro, a ponte que os unia ruiu e caíram ambos no rio que os separava... Alberto não encontrou Luísa, Luísa não encontrou Alberto.
Maria achava o mundo muito cinzento... decidiu recolori-lo, já pintou o céu, o mar e uma magnólia, mas ainda não sabe de que cores se faz a paixão.
Álvaro queria o afecto de Amélia, mas pediu-lhe dinheiro para cerveja... ela deu-lhe um olhar de desprezo e ele, sóbrio e inseguro, partiu-lhe a televisão.
Carlos passou o dia todo sem saber o que fazer com as mãos... acabou por escondê-las nos bolsos do casaco. À noite, as mãos estavam frias e carentes e os bolsos completamente rotos.
Leonor queria ser artista. Subiu para cima da mesa da sala de estar, esqueceu o mundo, cantou e dançou e, no final, agradeceu com uma vénia elegante os aplausos do seu cão espectador.
Cristina tinha dores de cabeça... para além disso, doíam-lhe as pernas e os braços, a barriga e as costas, os pés e as mãos... todos os dias, tomava dezenas de comprimidos para as dores. Nenhum deles era capaz de suavizar a angústia que lhe queimava o peito.
E eu, espectadora incrédula, continuo a precisar de encontrar uma lógica para tudo isto. Percebi isso hoje à tarde, quando olhava para o jardim... não chove, a terra está seca e nas árvores as flores nascem mortas.
Cristina tinha dores de cabeça... para além disso, doíam-lhe as pernas e os braços, a barriga e as costas, os pés e as mãos... todos os dias, tomava dezenas de comprimidos para as dores. Nenhum deles era capaz de suavizar a angústia que lhe queimava o peito.
E eu, espectadora incrédula, continuo a precisar de encontrar uma lógica para tudo isto. Percebi isso hoje à tarde, quando olhava para o jardim... não chove, a terra está seca e nas árvores as flores nascem mortas.
Marjan Vafaeian
Creio que andamos todos a tentar encontrar alguma lógica nisto que é a vida.
ResponderEliminarPrefiro que não haja lógica nenhuma.
Também gostei muito do conto anterior.
Boa semana.
Grande abraço
Isabel