Contaste-me que uma voz autoritária te chamou. E que te sobressaltaste, entregue que estavas à tua angústia expectante. A voz autoritária pertencia a um corpo imponente, corpo esse que trazia nos braços algo envolto numa manta amarela que, estranhamente, te pareceu familiar. A voz autoritária e o corpo imponente aproximaram-se de ti e, num ápice, depositaram nos teus braços o embrulho amarelo. Contaste-me que sentiste uma série de coisas que não soubeste nomear na altura. Acho que continuas a não saber. A voz autoritária e o corpo imponente afastaram-se e deixaram-te só, com um embrulho amarelo nos braços. Só então olhaste. Só então viste. E foi nessa altura que o arrepio se fez calor e o medo se fez tranquilidade. Não me disseste, mas tenho a certeza de que terás sorrido.
Sandra Bierman
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