01/02/2013


Resta-me agora
a mesma janela de outrora
que teimo em manter aberta
mesmo nos dias de tempestade
como hoje
em que o vento se agasalha de nevoeiro e
me castiga a cara e as mãos
e todas as partes de mim que não me lembrei de
proteger.
Tem um vidro partido
esta janela
não me recordo da pedra que o feriu
e da mão que a arremessou
mas sei dos estilhaços espetados
no tronco frágil do limoeiro que decidi
ter em casa
e também sei da lua
que por esse vidro quebrado
entra
sem ser chamada
rasgando a noite do meu dia
com a altiva confiança de quem sempre foi esperada
e desejada.

5 comentários:

  1. Profundamente belo...

    John L. S.

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  2. Somos pequena partícula na imensidão, mas ainda assim respiramos e temos anseios...
    Belo!

    Beijo :)

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  3. Bendita e atrevida lua refrigério dos vidros e dos punhais das tempestades.
    Poema com viros que não vencem no entanto a doçura do poema.
    Gostei.

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  4. se a porta se fechou, podemos sempre tentar as janelas...

    mesmo que estejam combalidas..

    gosto de ter-te de volta.

    :)

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