Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em passos cadenciados, improvisados
um, dois, três
para um lado e para o outro
rodopiando
um, dois, três
vertigem serena
abismo
um, dois, três
era uma vez
uma história e uma janela
promessa de amor e
o homem da vida dela
assobiando, marcando o ritmo da
melodia e da memória
e da invenção da paixão
porque real é só o corpo
mal coberto pela névoa
revelado pela noite
quase nua, quase lua
quase somente sua. Quase só.
pois, não devia existir o "quase"...
ResponderEliminar:)
Finalmente regressaste. Este poema é muito bonito. Merecia ser cantado. Bjs
ResponderEliminarHá tanta beleza neste ritmo e palavras, ao jeito da dança de quem é livre...
ResponderEliminarbeijo amigo. Gostei muito
Um poema cadenciado numa melodia dúbia
ResponderEliminar(assim são os assobios, ora afinados, ora "in-melódicos")
motivado na narrativa equívoca de uma memória
(fonema de uma vertigem crescente)
formado pela hesitação dos passos
(um, dois, três ou três, um, dois?)
ocultado na névoa inabitável que sempre nos invade
"porque real é só o corpo
mal coberto pela névoa
revelado pela noite
quase nua"
Gostei muito
Bjo.