Começou por ser uma constatação aterradora. No final, foi uma fantástica descoberta. Naquela noite, percebi que não tinha mãos. Foi mais ou menos assim: acordei estremunhada com um ruído qualquer e esbocei o movimento de esfregar os olhos, para clarear um pouco o olhar carregado de sono. Senti uma massa volumosa e macia a cobrir-me o rosto, o peito e os ombros. Em pânico, fiz por acreditar que estava a sonhar, mas corri para o espelho. Olhei-me e vi o que nunca pensei ser possível ver. Na extremidade de cada um dos meus braços, pendia uma enorme asa. Levantei os braços e vi-as reflectidas no espelho: duas asas brancas e macias, ondulando suavemente. Não sei como consegui mexer-me, descolar-me do chão e voltar para a cama. Mas lembro-me muito bem de me ter deitado e cruzado as asas sobre o peito. Acho mesmo que foi nessa noite que descobri (e me convenci) de que escrever é sinónimo de voar.
Belo e surpreendente!
ResponderEliminarBjs
E é uma descoberta plena de razão. Bom texto.
ResponderEliminarlindo, lindo, princesa! e o céu é o limite :)
ResponderEliminarbeijinho
Absolutamente maravilhoso.
ResponderEliminarE nós,contigo, a voar sobre este sonhar acordada.
Beijinhos.
Isabel