Temo que ela te ofereça resistência no início, mas não desesperes nem desistas. Acaricia-a primeiro, revolve-a delicadamente até sentires que se abandona, não há dureza que resista ao toque macio das tuas mãos. Quando a sentires leve e solta, quando a agarrares e a sentires desfazer-se entre os teus dedos, está pronta para ti. Escava com cuidado, com uma persistência suave, procura o centro que encontras no ponto exacto em que começas a sentir uma frescura húmida. É exactamente aí. Coloca-as uma por uma, devagar. Primeiro a paixão, depois o deslumbramento, junta a saudade e a expectativa e, por fim, o sonho e a desilusão. Já está. Tapa a cova com a terra que está à volta e rega-a com tudo o que tiveres de melhor - se chorares, será perfeito, sabes? Não precisas de ficar à espera, vai à tua vida e volta daqui a uns meses. Depois do sol de verão, depois do castanho do outono, depois da chuva de inverno. Na próxima primavera, volta. Estará à tua espera. Ainda um pequeno arbusto, talvez. Uma promessa de árvore.
...e podia continuar: a lealdade eterna.
ResponderEliminarBelo texto.
Só posso dizer: Sublime!
ResponderEliminarNotável inspiração.
Beijinhos
Isabel