22/06/2012

CAMINHO
Lembro-me de um caminho estreito
de terra solta
dos meus passos pesados e arrastados
culpados
da poeira que ficava no ar
e me sujava o olhar.
Lembro-me de sentir
a frescura de água a correr
e de soltar as mãos para a procurar
e de, num instante apenas
vê-las regressar
mais secas e
tão perdidas
como quando se vive num só minuto
todas as despedidas.
Lembro-me de uma brisa
que me percorria o corpo
numa carícia e
num beijo morno sem boca
e sem hálito
e da pele quente
esquartejada com aquela ternura
que é a simples abreviatura
de uma palavra muito mais pura
que podendo lembrar
amargura
fica melhor quando sentida
com a inevitável ansiedade
do arrepio da saudade.



3 comentários:

  1. Às vezes ouço comentários sobre o mundo da blogosfera. Alguns bastantes irritantes. A blogosfera é tal qual a vida. Tem bom e mau e assim-assim.
    Aqui estou a descobrir uma Alma. Uma Alma que escreve muito bem e que só podia conhecer através da Blogosfera. Muito obrigada.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Isabel

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  2. lembras e a maneira de lembrar está bem delineada no poema.
    a saudade, essa palavra tão portuguesa e que diz tudo.
    obrigada e um bom fim de semana.

    um beij

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  3. tu falando de caminhos, eu de descaminhos. de comum a um e outro: o rosto da saudade.

    beijinho!

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