20/05/2012


CHAMA
Naquele pequeno instante
que sabiamente fugiu do tempo que corria veloz
e se escondeu num simples pestanejar
sobrevive uma chama
que percorre agora a rua deserta
subindo degraus incertos
tropeçando nas pedras soltas
e, perdida na escuridão,
salta habilmente por uma janela aberta
caindo desamparada no chão de madeira escura
arrastando-se com esforço até ao sítio
onde uma festa acontecia
era uma cama
onde se dançava e gemia
e ali ficou
sossegada e atenta
entre os corpos quentes que festejavam.
Ao longe
ouvia-se o rodopio furioso do tempo
prestes a voltar.
Pouco tempo restava
à chama sobrevivente
e antes que o pestanejar se fizesse olhar
inflamou-se e tornou-se
uma verdadeira chama corajosa
quase fogueira
daquelas que nenhum tempo consegue arrastar.


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