22/05/2012

AMOR
Ela disse-me que estava triste
que descobriu que o amor não existe
e perante tal descoberta
não sabe como subsiste
à saudade que de noite a aperta
num abraço frio e furioso
e que de manhã a solta
como um resto de mulher
sonolenta e desnutrida.
Eu disse-lhe que estava errada
que o amor existe e
persiste e
sempre assim será
enquanto houver manhãs de primavera
e janelas abertas de par em par
e uma brisa de mar
que entra em nós
sem ninguém a convidar
e que aí fica
a repousar
e a lembrar
que é de amor que se fala
quando os olhares se entrelaçam
cúmplices e
convictos
de que, no fim dos dias
quando o livro se fechar
nada mais importará
do que ter sabido amar.
Vladimir Kush

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