01/03/2012

ARTUR
Artur queria escrever.
Prestes a sufocar, necessitava urgentemente de se livrar de todas as palavras presas na garganta. Sentia falta do vazio deixado pelas palavras que são libertadas, do prazer de se poder ler a si próprio, como se de outro se tratasse.
Folheou e voltou a folhear o caderno de apontamentos, à procura de uma ideia, de uma palavra suficientemente forte para o arrancar daquela torturante passividade. Mas o caderno nada lhe disse e ele nem forças teve para protestar.
Apetecia-lhe escrever algo doce e, por isso, decidiu adoçar-se.
Foi à cozinha e decidiu comer morangos. Não os achando suficientemente doces, colocou-lhes açúcar… como nem assim encontrou a doçura de que precisava, cobriu-os com mel. Mas o travo amargo continuou e o silêncio permaneceu.
Saiu para a rua era já noite fechada e andou até de madrugada em busca das palavras doces de que precisava. 
Não sei se as encontrou. 
Já é de manhã, mas janela do seu quarto está fechada. 
Talvez esteja a dormir. Talvez esteja a chorar.
Talvez esteja a escrever.




1 comentário:

  1. Olá
    Obrigada pelo comentário.
    As flores são uma boa companhia. Como as cores e amores.
    Este blog também me parece uma boa companhia.
    Grande abraço
    Isabel

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